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sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Feminismo, uma história de mentiras - volume 03a

O que você verá neste post é a primeira parte de um artigo feito por Christina Hoff Sommers, que também é parte integrante do livro "Who Stole Feminism?", de 1994. Nele, Christina faz uma profunda investigação que desmistifica a "cultura do estupro" que as feministas tanto pregam, mostrando de onde vieram os dados das pesquisas mais famosas neste campo e as intenções por trás dessas mentiras.

Investigando a “Cultura do Estupro” na América
Christina Hoff Sommers 

Uma investigação dos argumentos feministas sobre o estupro

Como um crime contra a pessoa, o estupro é inigualavelmente horrível em seus efeitos em longo prazo. A angústia que ele traz é geralmente seguida por uma sensação de medo e vergonha persistentes. A discussão dos dados acerca dos estupros parecem inevitavelmente alarmantes. Como alguém pode quantificar a sensação de violação profunda por trás das estatísticas? Termos como incidência e prevalência são jargões estatísticos; uma vez usando-os, necessariamente nós nos abstraímos da miséria. Ainda assim, permanece claro que para chegarmos a políticase estratégias inteligentes para diminuir a ocorrência de estupros, não temos outra alternativa a não ser coletar e analisar os dados, e não nos alarmar ao fazê-los. A verdade não é inimiga da compaixão, e a falsidade não é amiga de ninguém.


Algumas feministas rotineiramente se referem à sociedade americana como uma “cultura do estupro”. Ainda assim, as estimativas da prevalência de estupros variam de forma selvagem. De acordo com o Relatório Uniform de Crimes do FBI, houve 102560 estupros ou tentativas de estupro registrados em 1990. [1] As estatísticas da Divisão de Justiça estima que 130 mil mulheres foram vítimas de estupro em 1990. [2] uma enquete da Harris registra um número de 380 mil estupros ou crimes sexuais em 1993. [3] De acordo com um estudo feito pelo Centro Nacional de Vítimas [a], houveram 683 mil estupros cometidos à força consumados em 1990. [4] O Departamento de Justiça diz que 8% de todas as mulheres americanas serão vítimas de estupro ou tentativas de estupro em toda sua vida. A professora universitária e feminista radical Catharine MacKinnon, contudo, afirma que “pela definição conservadora, [o estupro] ocorre para quase metade das mulheres pelo menos uma vez em suas vidas.” [5]

Quem está certo? As ativistas feministas têm afirmado de forma plausiva que os números relativamente baixos do FBI e da Divisão de Justiça não são confiáveis. Que o levantamento do FBI é baseado no número de casos registrados na polícia, mas o estupro está entre os crimes menos reportados. Que as estatísticas do Levantamento Nacional do Crime da Divisão de Justiça são baseadas em entrevistas com 100 mil mulheres selecionadas aleatoriamente. E que, também, diz-se ser fraudulento porque as mulheres não são diretamente questionadas sobre o estupro. Oque o estupro só era discutido quando acontecia à mulher levar a questão no das respostas a questões mais gerais sobre vitimização criminal. Que o Departamento de Justiça mudou seu método de questionamento para se adaptar à sua crítica, que iremos saber em um ano ou dois para saber se isso terá um efeito significante nesses números. Que de forma clara, estudos independentes da incidência e prevalência de estupros são urgentemente necessários. Infelizmente, os grupos de pesquisa que investigam esta área não têm uma definição comum de estupro, e os resultados até agora têm levado à confusões e animosidades.

Estupro: o comportamento “normal” do homem

Dos estudos sobre estupros feitos por organizações não governamentais, os mais citados com frequência são o relatório da Ms. Magazine de Mary Koss, de 1985, e o Estudo Nacional para as Mulheres de 1992, feito pelo Dr. Dean Kilpatrick,do Centro de Pesquisas e Tratamento de Vítimas de Crimes da Universidade da Carolina do Sul. Em 1982, Mary Koss, então professora de psicologia da Universidade Estadual de Kent do Ohio, publicou um artigo sobre estupro onde ela expressou a visão ortodoxa feminista de que o “estupro representa um comportamento extremo, mas que está em continuum com o comportamento normal masculino dentro da cultura” (ênfase minha). [6] Algumas ativistas feministas bem posicionadas ficaram impressionadas com ela. Como Koss diz, ela recebeu um telefonema do nada convidando-a para um almoço com Gloria Steinem. [7] Para Koss, o almoço serviu como um divisor de águas. A Ms. Magazine decidiu fazer um levantamento nacional sobre estupros em campi universitários, e Koss foi escolhida para direcioná-lo. Os resultados de Koss se tornariam o estudo mais frequentemente citado para a vitimização da mulher, não tanto por professores no campo de pesquisas sobre estupro quanto para jornalistas, políticos e ativistas.

Koss e seus associados entrevistaram pouco mais de 3 mil mulheres universitárias, selecionadas de forma aleatória em escala nacional. [8] As jovens tiveram que responder 10 questões sobre violação sexual. Estas eram seguidas por várias questões sobre a natureza precisa da violação. Elas tinham bebido? Quais eram suas emoções durante e depois do evento? Que formas de resistência elas tinham utilizado? Como elas caracterizariam o evento? Koss contou todas que responderam afirmativamente qualquer uma das três últimas questões abaixo como mulheres que tinham sido estupradas:

8. Você teve alguma relação sexual quando não queria, só porque um homem te deu álcool ou drogas?
9. Você teve alguma relação sexual quando não queria, só porque um homem te ameaçou ou usou algum grau de força física (torcendo seu braço, te agarrando, etc.) para transar com você?
10. Você teve alguma relação sexual (anal ou oral, ou penetração por outros objetos além do pênis) quando não queria, só porque um homem te ameaçou ou usou algum grau de força física (torcendo seu braço, te agarrando, etc.) para transar com você?

Koss e seus colegas concluíram que 15,4% das avaliadas tinham sido estupradas, e que 12,1% tinham dido vítimas de atentados de estupro. [9] Assim, um total de 27,5% das avaliadas tinham sido consideradas como vítimas de estupro ou tentativa de estupro porque elas deram respostas que se adequavam ao critério de Koss para o estupro (penetração por pênis, dedo, ou qualquer outro objeto sob influência coercitiva como força física, álcool ou ameaças). Contudo, esta não é a forma que as tão conhecidas vítimas de estupro viram. Apenas um quarto das mulheres que Koss chama de vítimas de estupro consideraram o que tinha acontecido com elas como “estupro”. De acordo com Koss, as respostas para as questões acima revelaram que “apenas 27% das mulheres” que ela disse serem vítimas de estupro se consideraram vítimas de estupro. [10] Das restantes, 49% disseram que foi um “desentendimento”, 14% disseram que tinha sido “um crime mas não estupro”, e que 11% disseram que “não se sentiam vítimas”. [11]

Dentro se sua visão do estupro como algo existente no continuum da agressão sexual masculina, Koss também perguntou: “Você já entrou em algum jogo sexual (afagos, beijos ou abraços, sem sexo) quando não queria por ter sido forçada pela insistência e pela pressão constante do homem?” Para esta questão, 53,7% responderam afirmativamente, e foram contadas como vítimas de violência sexual.

O estudo de Koss, publicado em 1988, se tornou conhecido como o Relatório Ms. Assim a Fundação Ms. caracteriza os resultados: “O Projeto Ms. – a maior investigação científica já feita para investigar esta área – revelou estatísticas inquietantes, incluindo este fato surpreendente: uma em cada quatro mulheres tiveram experiências que se enquadram na definição legal de estupro ou tentativa de estupro.” [12]

O dado oficial do “uma em cada quatro”

“Uma em cada quatro”, desde então, se tornou o dado oficial das mulheres vítimas de estupro citado em departamentos de estudo das mulheres, centros de crise de estupro, revistas femininas, e broches e cartazes de protesto. Susan Faludi o defendeu em uma reportagem da Newsweek sobre etiqueta sexual. [13] Naomi Wolf refere-se a ele em “The Beauty Myth” (O Mito da Beleza), calculando que o estupro praticado por pessoas conhecidas da vítima são “mais comuns que canhotos, alcoolismo e ataques cardíacos.” [14] “Uma em cada quatro” é bradada nas procissões da [Fundação] “Take Back The Night”, e é o número dado em folders sobre estupro em encontros distribuído para calouros em faculdades e universidades ao redor do país. [15] Políticos como o senador Joseph Biden de Delaware [b], um democrata, até o deputado republicano Jim Ramstad do Minnesota, citam-no regularmente, e é a razão primária do Título IV, a verba de “Campi Universitários Seguros Para Mulheres” da Violence Against Women Act de 1993, que provê vinte milhões de dólares para combater estupros em campi universitários. [16]

Quando Neil Gilbert, professor da Escola de Ciências Sociais de Berkeley [c], leu pela primeira vez “uma em cada quatro” no jornal da faculdade, ele se convenceu de que aquilo não era preciso. Os resultados não correspondiam com os resultados de quase nenhuma outra pesquisa anterior sobre estupro. Ao ler o estudo, ele pôde ver de onde aquelas estatísticas vinham e porque a visão de Koss era falha.

Ele percebeu, por exemplo, que Koss e seus colegas contaram como vítimas de estupro todas que responderam “sim” à questão “Você teve alguma relação sexual quando não queria, só porque um homem te deu álcool ou drogas?” Aquilo deixou bem clara a questão de considerar como vítima de estupro qualquer uma que tinha se arrependido da relação da noite anterior. Se seu parceiro prepara uma dose de margarita [d], te encoraja a tomar com ele e você aceita, você foi “envenenada” ou seu julgamento se deteriorou? Certamente, se ficar inconsciente e for molestada, alguém chamará de estupro. Mas se você beber e, inebriada, concordar em fazer sexo para se arrepender mais tarde dele, será que você foi mesmo estuprada? Koss não faz exatamente essas perguntas, ela apenas conta o seu encontro como um estupro e você como uma estatística de estupro só por ter bebido com seu parceiro e se arrependido de ter sexo com ele depois. Como Gilbert aponta, a questão, da forma que Koss elaborou, é extremamente ambígua:

O que significa ter sexo “só porque” um homem te dá drogas ou álcool? Uma resposta afirmativa não indica se houve coerção, intoxicação, força ou ameaças; se o controle ou a capacidade de julgamento da mulher estava substancialmente comprometida; ou se o homem deixou a mulher bêbada de propósito para evitar a resistência dela à investidas sexuais... Enquanto o ítem poderia ter sido colocado de forma clara para denotar “incapacitação intencional da vítima”, a forma que a questão põe isto requer leitura de mente para detectar se as respostas afirmativas correspondem a esta definição legal de estupro. [17] Koss, contudo, insistiu que seu critério estava em conformidade com a definição legal de estupro usada em alguns estados, e citou em particular o Estatuto Sobre Estupros de seu próprio estado, Ohio: “Ninguém deve praticar relação sexual com outra pessoa [...] quando [...] no propósito de prevenir resistência, o agressor compromete a capacidade de julgamento e controle da vítima administrando qualquer droga ou substância intoxicante para a outra pessoa” (Ohio revised code 1980, 2907.01A, 2907.02). [18]

O corte profundo da Blade

Dois repórteres da Blade – um pequeno jornal de Toledo, Ohio, que já ganhou prêmios pela excelência de suas reportagens investigativas – também não se convenceram de que “uma em cada quatro” não era um dado preciso. Eles deram uma olhada no estudo de Koss e vários outros estudos citados para sustentar as informações alarmantes sobre a epidemia do abuso sexual nas universidades. Em uma série de três partes sobre estupro intitulada “A Invenção de uma Epidemia”, publicada em outubro de 1992, os repórteres Nara Shoenberg e Sam Roe revelaram que Koss citava o estatuto do Ohio de forma muito tendenciosa: ela deixou de mencionar a cláusula do estatuto que qualifica o estupro, que de forma clara exclui “situações onde a pessoa administra bebida ou drogas ao pretendente na esperança de que a menor inibição possa levar à consumação da relação.” [19] Agora, Koss reconhece que a questão oito está mal elaborada. De fato, ela disse aos repórteres da Blade, “Naquele tempo eu achava a questão válida; agora eu reconheço que ela é ambígua.” [20] Este reconhecimento deveria ser seguido pela admissão de que a pesquisa era imprecisa por um ou dois fatores: assim, como ela mesma disse à Blade, ao remover as respostas afirmativas à questão oito, o resultado de que uma em cada quatro mulheres universitárias são vítimas de estupro ou tentativa de estupro caem para uma em cada nova. [21] Mas como veremos, este resultado ainda é inaceitavelmente alto.

Para Gilbert, o indicador mais sério de que algo estava basicamente fora dos eixos no estudo da Ms./Koss é que a maioria das mulheres que ela tinha classificado como vítimas de estupro não acreditavam que tinham sido estupradas. Das que Koss contou como vítimas de estupro, somente 27% acreditaram ter sido vítimas; 73% delas não disseram que o que tinha acontecido com elas foi estupro. De fato, Koss e seus seguidores nos apresentam isto através da imagem de mulheres jovens confusas e coagidas pela ameaça dos homens que forçam suas atenções neles durante o curso do encontro, mas que são incapazes ou indispostas para classificar sua experiência como um estupro. Será que esta imagem condiz com a média das jovens no ensino superior? Para essa questão, será que isto pode ser aplicado de forma plausiva na comunidade como um todo? Como a jornalista Cathy Young observa, “as mulheres fazem sexo depois de muita relutância inicial por uma série de fatores [...] o medo de serem espancadas por seus parceiros é raramente reportado como um deles.” [22]

Kathie Roiphe, estudante de Inglês em Princeton e autora de “The Morning After: Sex, Fear and Feminism on Campus” (A Manhã Seguinte: Sexo, Medo e Feminismo na Universidade), argumenta de forma semelhante que Koss não tem o direito de rejeitar o julgamento de mulheres universitárias que não achavam que tinham sido estupradas. Mas Karha Pollitt de The Nation defende Koss, apontando que em muitos casos as pessoas fazem coisa errada sem perceberem. Assim, nós não dizemos que “vítimas de outras injustiças – fraudes, más práticas, discriminação no trabalho – não sofreram por coisas erradas só por estarem sem o conhecimento da Lei.” [23]

A analogia de Pollitt, contudo, é falha. Se Jane tivesse feito um mau negócio com Tom e um especialista explicasse a Jane que Tom a havia tapeado, então Jane agradeceria o especialista por tê-la esclarecido as coisas com detalhes legais. Para comprovar o caso dela, Pollitt iria ter que mostrar que as vítimas de estupro que não tinham conhecimento de terem sido estupradas aceitariam o jugamento de Koss de que elas realmente haviam sido. Mas isso não foi mostrado; Koss não esclareceu as mulheres que ela contou como vítimas de estupro [que elas realmente tinham sido], e elas não disseram “agora que você nos explicou, podemos perceber que fomos.”

Koss e Pollitt inventam um argumento legal técnico (e de fato dúbio): mulheres são ignorantes ao que é considerado um estupro. Roiphe faz uma observação clara, direta e humana: as mulheres estavam lá, e elas sabem julgar melhor o que aconteceu com elas. Desde quando as feministas consideram “lei” desconsiderar as experiências das mulheres?

Koss também encontrou que 42% daquelas que ela contou como vítimas de estupro continuaram a ter sexo com seus agressores em outra ocasião. Para vítimas de tentativas de estupro, a porcentagem para sexo posterior com os agressores mencionados foi de 35%. Koss não demora para apontar que “não é sabido se [o ato sexual posterior] foi forçado ou voluntário” e que a maioria dos relacionamentos “terminaram um tempo depois da agressão.” [24] Mas, claro, a maioria dos relacionamentos nas universidades terminam eventualmente por um motivo ou outro. Ainda assim, em vez de considerar estas jovens universitárias pela palavra delas, Koss procura criar explicações por que tantas mulheres “estupradas” voltavam a se relacionar com seus agressores, implicando que elas poderiam ter sido forçadas para tal. Ela acaba por tratar a rejeição de seus resultados por suas cobaias como evidência de que elas estavam confusas e ingênuas sexualmente. Existe uma explicação mais respeitosa. Como a maioria daquelas que Koss conta como vítimas de estupro não se consideravam estupradas, por que não considerar este fato e o fato de tantas delas voltarem a se relacionar com os agressores como indicadores plausíveis de que elas não tinham sido estupradas, para começar?

Os repórteres de Toledo calcularam que se você eliminasse as respostas afirmativas para a questão do álcool e das drogas, e também subtrair dos resultados de Koss as mulheres que não acharam que tinham sido estupradas, a afirmação dela de uma em cada quatro mulheres vítimas de estupro e tentativas de estupro “cai para entre uma em entre 22 e 33.” [25]

O estudo de “1 em cada 8”

Um outro estudo de uma ONG citado frequentemente, a National Women’s Study, foi conduzido por Dan Kilpatrick. Partindo de uma amostra de 4008 mulheres, o estudo projetou que teria havido 683 mil estupros em 1990. Como prevalência, ele concluiu que “Nos EUA, uma em cada oito mulheres adultas, ou pelo menos 12,1 milhões de mulheres americanas, foi vítima de estupro violento durante sua vida.” [26]

Diferentemente do estudo de Koss, que equiparou tentativas de estupro a estupros, o estudo de Kilpatrick teve foco exclusivo nos estupros. As entrevistas foram conduzidas por telefone, por entrevistadoras mulheres. Uma mulher que concordou fazer parte do estudo ouviu o seguinte da entrevistadora: “Nem sempre as mulheres relatam tais experiências à polícia ou discute elas em família ou amigos. A pessoa que faz as investidas nem sempre é um estranho, mas pode ser um amigo, um namorado, ou até mesmo um membro da família. Tais experiências podem ocorrer em qualquer tempo da vida de uma mulher, até mesmo na infância.” [27] Apontando o que ela quer ouvir sobre qualquer experiência, “independentemente de há quanto tempo atrás isso aconteceu ou de quem fez as investidas”, a entrevistadora procedeu fazendo quatro perguntas:

1 – Algum homem ou garoto já fez sexo com você com o uso da força, ou ameaçou machucar você ou alguma pessoa próxima? Para que não haja erro, a gente considera sexo como a introdução do pênis em sua vagina.
2 – Alguém já fez você fazer sexo oral através de força ou ameaça de te machucar? Para que não haja erro, a gente considera sexo oral quando o homem ou o garoto põe o pênis em sua boca, quando alguém penetra sua vagina ou ânus com a boca ou a língua.
3 – Alguém já fez você fazer sexo anal através de força ou ameaça de te machucar?
4 – Alguém já colocou o dedo ou algum objeto em sua vagina ou ânus contra a sua vontade, através de força ou ameaça?

Qualquer mulher que respondeu sim a qualquer uma dessas questões foi classificada como vítima de estupro.

Isto parece ser um levantamento direto e bem estruturado que provê uma visão dos horrores da vida privada que muitas mulheres, especialmente as jovens, experimentam. Uma das descobertas mais assustadoras do estudo foi a de que 61% das vítimas tinham 17 anos ou menos quando o estupro ocorreu.

Mas, no entanto, existe uma falha que afeta a significância das descobertas de Kilpatrick. Uma resposta afirmativa a qualquer uma das três primeiras questões colocam alguém na categoria de uma vítima de estupro. A quarta questão é problemática, já que ela inclui casos em que um garoto penetra uma garota com seu dedo, contra a vontade dela, em uma situação em que há muitos afagos. Claro que o garoto se comportou mal. Mas será que ele é um estuprador? Provavelmente, nem ele nem sua parceira diriam isso. Ainda assim, o levantamento classifica ele como um estuprador e ela como uma vítima.

Eu liguei para Dr. Kilpatrick  e perguntei a ele sobre a quarta questão. “Bem”, disse ele, “se uma mulher é penetrada à força por um objeto como um cabo de vassoura, podemos chamar isso de estupro.”

“Eu também”, disse. “Mas será que não há uma grande diferença entre ser violada por um cabo de vassoura e ser violada com um dedo?” Dr. Kilpatrick reconheceu: “A gente poderia ter separado violação por dedo e violação por objetos”, disse ele. Mas ele assegurou para mim que a questão não afeta o resultado de forma significativa. Mas fiquei surpresa. O estudo tinha encontrado uma epidemia de estupro entre adolescentes – só por causa daquele grupo ter mais probabilidade de se envolver em situações como a que eu descrevi.

Uma discrepância séria

A preocupação mais séria é que as descobertas de Kilpatrick, e muitas outras descobertas sobre estupro, variam de forma selvagem, a menos que se pergunte diretamente às pesquisadas se elas tinham sido estupradas. Em 1993, a Louis Harris e Associados fizeram um levantamento por telefone e trouxeram resultados bem diferentes. Harris foi comissionada pela Commonwealth Fund para fazer um estudo sobre a saúde da mulher. Como veremos, os altos índices de depressão e abuso psicológico entre mulheres por homens encontrado por ela provocaram um rebuliço. [28] Mas a descoberta dela sobre estupros, na mesma medida, passou despercebido. Entre as perguntas feitas para uma amostra aleatória de 2500 mulheres, estava, “Nos últimos cinco anos, você foi vítima de um estupro ou assédio sexual?” Dois por cento das respondentes disseram sim; 98% delas disse não. Como tentativas de estupro são contadas como assédio sexual, o resultado combinado para estupro e tentativa de estupro é de mais ou menos 1,9 milhão de mulheres em cinco anos, ou 380 mil por um único ano. Como existem aproximadamente duas vezes mais tentativas de estupro do que estupro consumado, os números da Commonwealth e Harris para estupro consumado iria para aproximadamente 190 mil [e]. Isto é dramaticamente inferior do que a descoberta de Kilpatrick de 683 mil estupros consumados à força.

O entrevistador de Harris também fez uma pergunta sobre estupro praticado por companheiro ou marido, que se parece muito com a questão de Kilpatrick e Koss: “No ano passado, seu parceiro tentou, ou te forçou, a ter relação sexual com uso de força física, como te agarrar, ou te bater, ou ameaçar te bater, ou não?” [29] Nenhuma entrevistada da enquete de Harris disse sim.

Como explicar a discrepância? Sim, muitas mulheres são, com frequência, extremamente relutantes em contar sobre a violência sexual que elas experimentaram. Mas as entrevistadas de Harris responderam um monte de outras perguntas pessoais embaraçosas, e com sinceridade: 6% disse que elas consideraram tentar suicídio, 5% admitiu usar remédios fortes e 10% disse que foi sexualmente abusada quando criança.  Eu não tenho resposta, apesar de parecer óbvio para mim que tal variação selvagem nos faz ver a dificuldade de se conseguir números confiáveis sobre o risco de estupro através de pesquisas. Que o risco real deve ser considerado óbvio. Os repórteres da Blade entrevistaram estudantes sobre seus medos e os encontraram ansiosos e confusos. “É uma grande diferença entre 1 para cada 3 ou para cada 50”, disse April Groff da Universidade de Michigan, que diz estar “muito assustada”. “Eu diria, honestamente, que imaginaria que casos de estupro fossem bem menos que um para 50 se soubesse que o número era esse.” [30]

Quando os repórteres da Blade perguntaram a Kilpatrick por que ele não perguntou às mulheres se elas tinham sido estupradas, ele respondeu que não havia tido tempo dentro da entrevista de 35 minutos. “Provavelmente era algo que acabava no lixo da sala de edição.” [31] Mas a exclusão de tal questão por Kilpatrick resultou em números muito mais altos. Quando pressionado sobre por que ele omitiu isso de um estudo para o qual ele recebeu um milhão de dólares do governo, ele respondeu, “Se as pessoas acham que esta é a questão principal, deixe elas conseguirem seu próprio dinheiro e fazerem seu próprio estudo.” [32]

Kilpatrick já havia feito um estudo anterior no qual se perguntou diretamente às participantes se elas tinham sido estupradas. Aquele estudo mostrou uma prevalência relativamente baixa de 5% – ou uma em cada vinte – e teve muitíssimo pouca publicidade. [33] Subsequentemente, Kilpatrick abandonou sua metodologia antiga em favor do método Ms./Koss, que permite ao pesquisador decidir se o estupro ocorreu. Como Koss, ele usou uma definição expandida de estupro (ambos incluem penetração por um dedo). A nova visão de Kilpatrick forneceu a ele números grandes (uma em cada oito), e citação em vários grandes jornais pelo país. Seus gráficos foram reproduzidos com o título “O Relatório Assombroso da Epidemia do Estupro” [34]. Agora, ele compartilha com Koss a honra de ser o expert mais citado pela mídia, pelos políticos e pelos ativistas.

Existem muito mais pesquisadores que estudam o problema do estupro, mas os números baixos que vêm de suas pesquisas não vão para os cabeçalhos dos jornais. Os repórteres da Blade entrevistaram vários pesquisadores cujos resultados sobre estupro não eram sensacionais mas cujos métodos de pesquisa eram contundentes e não baseadas em definições controversas. Eugene Kanin, um professor de sociologia aposentado da Purdue University e pioneiro na área de estupro por pessoas próximas, se mostrou desapontado com a invasão da política no ramo: “Isto é mais ativismo enrustido do que pesquisa de ciência social.” [35] A Professora Margaret Gordon da Universidade de Washington fez um estudo em 1981 que veio com números relativamente baixos sobre estupro (um para cada 50). Ela relata a reação negativa às suas descobertas: “Havia uma pressão – pelo menos eu me pressionava para – ter o estupro como algo que fosse o mais prevalente possível... Eu sou uma feminista ferrenha, mas uma das coisas que eu lutava era o fato de haver feministas avidíssimas tentando me fazer dizer que as coisas eram bem piores do que realmente eram” [36].

Dra. Linda George, Da Duke University, também encontrou índices baixos de estupro (um para 17), mesmo ela tendo feitas questões bem próximas das de Kilpatrick. Ela disse à Blade estar preocupada com muitas de suas colegas tratarem números altos como se fossem absolutos. [37] E a Dra. Naomi Breslau, diretora de pesquisas em psiquiatria do Centro de Ciências da Saúde Henry Ford de Detroit, que também encontrou números baixos, acha importante desafiar a visão popular de que números mais altos são necessariamente mais precisos. Ela vê a necessidade de novos programas de pesquisa mais objetivos: "Esta é realmente uma questão aberta... Nós na verdade sabemos muitíssimo pouco sobre isto."

CONTINUA...

Referências numéricas na fonte.

[a] – National Victims Center

[b] – “Joe” Biden, mangina profissional criador da VAWA (Violence Against Women Act) e atual vice presidente dos Estados Unidos.
[c] – Berkeley’s School s Social Welfare
[d] – uma mistura de tequila com licor de laranja e suco de limão, servido com sal na borda do copo (Fonte: The Free Dictionary)
[e] – Na verdade o cálculo de Christina Hoff Sommers tem um erro provocado pela interpretação da questão de álgebra, que é 2 x (tentativas de estupro) + 1 x (estupro) = 380000, o que daria apenas 1/3 * 380000 = 126667 estupros por ano, e não 190 mil. Mas o raciocínio ainda é pertinente. 

4 comentários:

  1. Tenho uma prima que foi estuprada pelo cunhado dela (marido da irmã dela). Até hoje algumas pessoas acreditam que ela inventou tudo. Mas o cunhado dela me contou que é verdade. E me diz, sorrindo, que "no fundo, ela gostou". Quando contei pra irmã dela, ela disse que é "era mentira; no fundo ela morria de inveja do casamento dela".

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    Respostas
    1. Belo causo... muito comum por aí heim, caramba!!! Vamos tratar TODOS os homens como estupradores então. E não nos esqueçamos de tratar TODAS as mulheres como agressoras de idosos e crianças, temos cada caso bizarro envolvendo esse "enredo"...

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    2. Quem falou que eu estou generalizando? Eu tomei posição? Eu não citei os casos de mulheres porque o texto já fez isso. Aprenda interpretação de texto e abandone seu cursinho de vidente. Dica: faça alguma atividade que melhore seu psicológico; você parece um adolescente birrento procurando briga.

      Vagner da Rosa

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  2. O pior de tudo é ler a parte que fala sobre a entrevista da Magazine e Koss para a mãe e a namorada e elas concordarem com as entrevistadoras!!!

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